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Pesquisa relaciona mudanças climáticas com doenças na cidade de São Paulo

Entre as moléstias com maior agravamento devido ao clima estão as doenças isquêmicas, hipertensivas, cerebrovasculares, gripe e pneumonia, além de outras relacionadas às vias aéreas, infecções e doenças infecciosas intestinais.

Coordenada por Miguel Cendoroglo Neto, uma pesquisa desenvolvida em parceria entre o Hospital Albert Einstein e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) utilizou informações fornecidas pela Secretaria Municipal da Saúde sobre o número de internações e mortes na maior cidade do Brasil, no período entre 2002 e 2006, com vistas ao desenvolvimento de um Atlas de Saúde, uma base de dados com acesso público pela internet.

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Para tanto, o uso de um sistema de informação geográfica (SIG), que mostra a relação entre a oferta e a demanda de serviços de saúde, ajudou no mapeamento de óbitos segundo causas específicas, com incidência e prevalência de doenças e agravos, além de recursos e infraestrutura em saúde no município.

De acordo com Bento Fortunato Cardoso dos Santos, que coordena o projeto no hospital Albert Einstein, os índices de morbimortalidade e de variações climáticas nas diferentes regiões da cidade permitiram chegar a um perfil que pode ajudar na definição de prioridades de prevenção e atendimento das necessidades da população. Entre as moléstias com maior agravamento devido ao clima estão as doenças isquêmicas, hipertensivas, cerebrovasculares, gripe e pneumonia, além de outras relacionadas às vias aéreas, infecções e doenças infecciosas intestinais.

Embora a relação entre doenças e mudanças climáticas tenha sido relatada por diferentes estudos, ao longo dos últimos anos, eles apresentam resultados controversos. Por isso, o uso de indicadores distintos, de ordem econômica, cultural e ambiental, pode representar um avanço na detecção de algumas doenças e um instrumento para a tomada de decisões no âmbito da saúde.

A fim de constatar casos em que a variação da temperatura apresente algum tipo de influência em diferentes patologias e eventos, como acidente vascular cerebral (AVC), asma, pneumonia e doenças cardíacas, o pesquisador buscou reunir informações sobre incidentes dessa natureza na Capital paulista em relação às características ambientais registradas na cidade.

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Na pesquisa, verificou-se que a sazonalidade de algumas doenças está diretamente relacionada à temperatura, mas também com outros fatores climáticos que podem influenciar no aparecimento de enfermidades ou mesmo intensificar seus efeitos.

De acordo com o estudo, entre a população acima de 65 anos, considerada grupo de risco para variações climáticas, foram constatados índices como 40,1% de óbitos por doenças circulatórias e 16,3% por doenças respiratórias, entre os meses de maio e agosto durante o período observado, quando as temperaturas médias são mais baixas na cidade. Também foi detectado um índice de mortes de 19,8% por neoplasias, ou seja, relacionadas com algum tipo de câncer.

No entanto, entre os 12.007 óbitos por infarto do miocárdio analisados, foi constatado haver menor mortalidade quando a temperatura ficava entre 21,6° e 22,6°C, bem como nos dias em que a umidade relativa do ar era maior. Já quando constatado maior presença de dióxido de enxofre, os casos de morte aumentaram 3,4%. Assim, constatou-se que a variação de temperatura tem maior influência nesses casos do que a sazonalidade, isto é, sua influência nesses quadros depende mais da amplitude térmica do que da época do ano. No caso do AVC do tipo hemorrágico, por exemplo, constatou-se maior incidência quando há maior variação entre a temperatura mínima e a máxima no mesmo dia.

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da Agência Fapesp