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Unidades de conservação têm gestão problemática no Brasil, aponta estudo

Os problemas que o Brasil tem quanto à gestão de unidades de conservação foram ressaltados no estudo divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente. Os resultados mostram que o país sofre com o número reduzido de mão-de-obra na proteção nestas áreas.

Os problemas que o Brasil tem quanto à gestão de unidades de conservação foram ressaltados no estudo divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente na última semana. Feito em parceria com o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), os resultados mostram que o país sofre com o número reduzido de mão-de-obra na proteção das áreas, além de ter pouco orçamento para investimentos em infraestrutura. O Brasil tem a quarta maior área do mundo coberta por unidades de conservação (1.278.190 km²). 

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De acordo com os dados do documento, o país aplica nessas áreas de conservação R$ 4,43 por hectare e disponibiliza um funcionário para cuidar de cada 186 km² de florestas protegidas. Os números são bem inferiores se comparados com outros países, como a Costa Rica – que investe R$ 31,29 em cada hectare e tem um funcionário para cada 26 km², e os EUA – que por sua vez libera R$ 156,12 por hectare e tem um funcionário para cada 21 km². Além dessa diferença de recursos, o país ainda acumula outros problemas. Segundo a coordenadora do IEA/USP, Neli Aparecida de Mello-Théry, existe ainda questões mais graves. "A falta de regulamentação fundiária dessas unidades de conservação também é muito preocupante. O que significa que você pode ter dentro de algumas unidades de conservação propriedades privadas". 

Neli falou ainda que o pouco investimento é resultado da atenção que a sociedade dá a esses assuntos. "Está andando aos poucos, vai muito lentamente. Por outro lado, esses R$ 4 de hoje já foram, antes da Conferência no Rio de Janeiro, R$ 21. Está longe dos EUA, mas naquele momento ele era maior do que é hoje. Por que abaixou? Os recursos para meio ambiente são poucos. Qual é a pressão da sociedade hoje comparada com os anos 80 e 90? Nos anos 90 a pressão da sociedade era muito maior, o que garantia, ainda que pouco, de alguma forma uma colocação maior de recursos para o meio ambiente. Hoje nós estamos quietos, sem muita vontade e achamos que já conquistamos algumas coisas e deixa essas questões de lado”. 

Ao G1, o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Braulio Dias, disse que é praticamente impossível o Brasil alcançar níveis de gestão aplicados em países desenvolvidos, que tem orçamentos mais robustos. Alguns projetos têm como foco viabilizar essas mudanças. Este é o caso do Programa Áreas Protegidas da Amazônia – ARPA. O plano do Governo Federal, implementado por uma parceria entre MMA, Ibama, governos estaduais e municipais da Amazônia, Fundo para o Meio Ambiente Global (GEF), Banco Mundial, KfW (banco de cooperação do governo da Alemanha), GTZ (agência de cooperação da Alemanha), WWF-Brasil, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), e organizações da sociedade civil, tem como objetivo consolidar e manter uma parte do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) no Bioma Amazônia, protegendo e promovendo o desenvolvimento sustentável da região. "O projeto está se consolidando e isso significa que esses R$ 4 serão ampliados e com isso também levar mais pessoas para cuidar dessas áreas. Nós próximos anos teremos uma mudança de cenário bastante clara", diz Neli. De acordo com as expectativas do programa, até 2013, um total de 50 milhões de hectares de unidades de conservação na Amazônia devem estar protegidos.

Por Nathália Carvalho

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*A coordenadora do IEA/USP, Neli Aparecida de Mello-Théry, falou durante o encontro com profissionais e estudantes do curso “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter” da Oboré.