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Obra gigante homenageia vítimas de tragédia em Brumadinho

Brumadinho é uma das 30 cidades a receber o projeto mundial ‘Beyond Walls’ do artista francês Saype.

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População de Brumadinho dá abraço coletivo em torno de obra de arte de Saype: união e solidariedade

O campo de futebol do Córrego do Feijão em Brumadinho, Minas Gerais, acaba de ganhar uma pintura gigantesca. A obra integra a 16ª etapa do projeto mundial Beyond Walls (além dos muros) do artista francês Saype.

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A intenção é ressignificar o local que os bombeiros usaram para aterrizar helicópteros com corpos de vítimas do rompimento da barragem da Vale, em 2019. Um lugar onde, antes do ocorrido, as crianças brincavam e depois virou sinônimo de trauma para os moradores.

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Campo de futebol que foi base de resgate de vitimas de Brumadinho virou tela de obra de arte

A obra de arte evoca o dar as mãos por um mundo mais justo. Com essa pintura, Saype também busca gerar repercussão nacional e internacional acerca dos impactos e tragédias da mineração.

O trabalho usou pigmentos naturais feitos de carvão e giz.

Beyond Walls

Brumadinho entrou para o rol das 30 cidades ao redor do mundo escolhidas pelo artista para deixar sua marca com o Projeto Beyond Walls, que foi iniciado em 2019 e deve ser concluído em 2023.

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Guillaume Legros
Foto: Saype

Saype é o nome artístico de Guillaume Legros, um dos pioneiros da nova geração de “land art” (arte com e na natureza), cujo trabalho está sempre relacionado com questões sócio-ambientais.

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Foto: Saype

“Acredito que somente juntos poderemos enfrentar os diferentes desafios que a humanidade tem atualmente. Estou em Brumadinho para mais uma etapa de um projeto que vai criar simbolicamente a maior corrente humana do mundo. Imagino que seja difícil para as pessoas que vivenciaram o rompimento da barragem do Córrego do Feijão criarem um futuro promissor, e sendo um artista, posso ampliar a voz e apoiar essas pessoas em sua luta”, declara Saype.

Beyond Walls
Foto: Saype

Sobre a indústria da mineração, ele afirma que “precisamos das minas e suas matérias-primas, e meu objetivo é dar visibilidade aos aspectos socioambientais do setor, e enfatizar que é necessário que a indústria garanta condições de trabalho seguras e que respeite a vida e o meio ambiente.”

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Símbolo de solidariedade

A presidente da AVABRUM (Associação de Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão Brumadinho), Alexandra Andrade, destaca as formas com que o trabalho do artista se relaciona com a causa da cidade.

Beyond Walls
Saype faz pintura no Córrego do Feijão. | Foto: Saype

“O Saype desenvolve uma pintura que impacta de várias formas: seu tamanho gigantesco, o uso de um material que não agride o meio ambiente e também porque ela é efêmera, desaparece, mas deixa um símbolo na cabeça da gente de união, de solidariedade, de luta. E isso tem tudo a ver com os objetivos da AVABRUM e do nosso Projeto Legado de Brumadinho”, afirma Alexandra. “Não queremos que essa tragédia caia no esquecimento. 272 pessoas foram engolidas vivas pela lama, e isso não pode ser em vão, não pode ser esquecido. Governos e empresas têm de tomar providências para que isso nunca mais se repita. E o Saype, ao trazer para Brumadinho o seu projeto Beyond Walls, que significa Além dos Muros, ajuda a levar a nossa causa para o mundo todo”, completa.

Além de realizar a obra, Saype participou de outras atividades junto a população local, em homenagem às vítimas do rompimento da Barragem, e em solidariedade aos familiares e demais atingidos. Na sexta-feira (22), ele integrou a Roda de Conversa “Memória não morrerá: arte e narrativas – o Legado de Brumadinho”, ao lado do multi artista mineiro Sérgio Pererê, da escritora Carla Madeira, da professora Maria Fernanda Salcedo e da engenheira Josiane Melo, da AVABRUM.

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O artista usou pigmentos naturais feitos de carvão e giz. | Foto: Saype

No domingo (24), ele convidou a comunidade para conhecer o resultado da pintura no campo de Futebol do Córrego do Feijão, onde realizaram um abraço coletivo. Nesta segunda-feira (25), a programação terá encerramento ao meio-dia, no letreiro da entrada de Brumadinho, com um ato em tributo às vítimas do rompimento da barragem.

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Detalhe da obra. | Foto: Saype

Para Saype, “a questão da mineração e seus impactos é um problema mundial e muito atual no âmbito da sustentabilidade e cuidado com a vida humana”. O convite ao francês partiu do Legado de Brumadinho, projeto idealizado pela AVABRUM em memória do maior acidente de trabalho do Brasil e criado na tentativa de estabelecer uma nova mentalidade na sociedade sobre a importância das políticas de saúde e segurança no trabalho.

O Legado de Brumadinho é realizado com recursos destinados pelo Comitê Gestor do Dano Moral Coletivo pago a título de indenização social pelo rompimento da Barragem em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019.

Confira aqui entrevista em vídeo com o artista.